29.3.17

onze de setembro

Chomsky

[...]

Nos anos 1980, a Nicarágua foi vítima de um violento ataque conduzido pelos EUA. Dezenas de milhares de pessoas morreram. O país sofreu uma substancial devastação e jamais pôde se recuperar. O ataque terrorista internacional foi acompanhado por uma arrasadora guerra econômica, que um pequeno país, isolado do mundo por uma vingativa e cruel superpotência, dificilmente poderia enfrentar, como revelaram em detalhes os principais historiadores que estudam a Nicarágua, como Thomas Walker, por exemplo. Os efeitos sobre o país foram muito mais severos do que a tragédia ocorrida recentemente em Nova York. E eles não retaliaram bombardeando Washington. Eles recorreram à Corte Mundial, que deliberou em seu favor, ordenando os EUA que voltassem atrás e pagassem uma reparação substancial. Os EUA desdenharam da Corte Mundial e de sua sentença, respondendo com uma nova onde de intensificação dos ataques à Nicarágua. O país, então, recorreu ao Conselho de Segurança, que em consequência passou a discutir uma resolução determinando aos Estados que observassem as leis internacionais. Os EUA, e tão somente eles, vetaram a resolução. A Nicarágua foi então à Assembléia-Geral, que discutiu uma resolução similar, com a oposição, por dois anos seguidos, apenas dos EUA e de Israel (tendo certa vez adesão de El Salvador). [...] Se a Nicarágua fosse suficientemente poderosa, poderia ter convocado uma outra corte criminal.

Noam Chomsky
Trad.: Luiz A. Aguiar