12.9.17

paris: maio de 68

Recusamos o papel que nos foi designado,
 não seremos treinados como cães policiais.


Quando maio de 68 eclodiu na França, havia, além da Sorbonne e Nanterre ocupadas, o Centre Censier (a nova Faculdade de Letras da Universidade de Paris). Era nessa faculdade - para articular a nova consciência revolucionária - que os panfletos eram planejados, datilografados e reproduzidos. Tudo cuidadosamente organizado. No decorrer da revolução estudantil, muitos trabalhadores se juntavam aos estudantes para a formulação dos panfletos. No panfleto da Air France podemos encontrar um trecho bastante significativo:
"Recusamos aceitar uma 'modernização' degradante que significa sermos constantemente vigiados e sermos submetidos a condições que são nocivas à nossa saúde, ao nosso sistema nervoso, e que são um insulto à nossa condição de seres humanos... Recusamos a continuar confiando nossas reivindicações a dirigentes sindicais profissionais. Como os estudantes, devemos tomar em nossas mãos o controle de nossas atividades."
No panfleto do Distrito, lemos:
"O governo teme a ampliação do movimento. Ele teme a unidade que se desenvolve entre estudantes e trabalhadores. Pompidou anunciou que o governo defenderá a República. O exército e a polícia estão sendo preparados. De Gaulle falará no dia 24. Será que ele enviará a CRS para retirar os piquetes das empresas em greve? Esteja preparado. Em oficinas e faculdades, pense sobre a autodefesa..."
Importante notar como os panfletos eram políticos. Maurice Brinton narra a atmosfera de contestação da época:
Durante todo o tempo da minha curta passagem pela França eu não vi nada mais profunda e relevantemente político (no melhor sentido do termo) do que a campanha levada adiante a partir do Censier, uma campanha pelo constante controle da luta de baixo para cima, pela autodefesa, pela gestão operária da produção, pela popularização da concepção de conselhos operários, e que explicava a todos a enorme importância, em uma situação revolucionária, das exigências revolucionárias, da atividade auto-organizada, da autoconfiança coletiva. [...] Nas palavras do slogan rabiscado no muro: "On n'est pas la pour s'emmerder".
No mais: A bas L'État policier