12.1.18

paris: a revolução de maio




Noites Longas e Manhãs Breves, de William Klein | 1978

Paris se transformou em um grande seminário público. Os franceses descobriram há anos que não dirigiam a palavra uns aos outros, e que tinham muito a se dizer. Sem televisão e sem gasolina, sem rádio e sem revistas ilustradas, deram-se conta de que as "diversões" os tinham, realmente, distraído de todo contato humano real.

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Em lugar das "diversões" da sociedade de consumo, renasceu de maneira maravilhosa a arte de as pessoas se reunirem para escutar e falar e reivindicar a liberdade de interrogar e duvidar.

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A revolução substitui o psiquiatra.

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Os paralelepípedos se tornaram nosso meio de comunicação de massa. Saímos às ruas porque não temos outra maneira de nos fazer escutar em uma sociedade onde o mass media foi monopolizado e domesticado. Contra a abundância das comunicações inúteis, enviamos a mensagem imprescindível de nossas pedras e palavras.
E talvez haja outra razão: "Debaixo dos paralelepípedos estão as praias."
E as palavras. Os muros de Paris falam: sonhos, lemas, cóleras, desejos, programas, brincadeiras, desafios e a ressurreição de uma descendência heterogênea reunida em uma espécie de editora permanente de pedra e pintura.

Carlos Fuentes
Trad.: Ebréia de C. Alves